Imagem Homofobia e criação do Conselho Municipal LGBTQI+ são debatidos em audiência pública

Homofobia e criação do Conselho Municipal LGBTQI+ são debatidos em audiência pública

Câmara Municipal de Vitória da ConquistaAudiência PúblicaNotíciaAlexandre Xandó

17/05/2021 22:44:00


O Dia Internacional Contra a Homofobia e as políticas públicas voltadas para a população LGBTQIA+ foi tema de debate em audiência pública na Câmara Municipal de Vitória da Conquista, na noite desta segunda-feira, 17. O evento ocorreu graças à iniciativa do mandato do vereador Alexandre Xandó (PT).

O proponente da audiência destacou que as pautas da comunidade LGBTQI+ precisam encontrar na Câmara espaço para serem discutidas e apontou que elas têm apoiadores na Casa. “A Câmara de Vereadores tem que fazer esse tipo de discussão. Além do nosso mandato tem outros vereadores e vereadoras comprometidos com a pauta”, disse Xandó.

Ele ressaltou ainda que para além das discussões, é preciso que ocorram avanços palpáveis para a comunidade. “Palavras não bastam, precisamos de políticas públicas e de transformação social”, cobrou o parlamentar. 

Críticas a Bolsonaro e proposta de atenção – A coordenadora da Diversidade Sexual e de Gênero da Secretaria de Estado das Mulheres, Juventude, Igualdade Racial e Direitos Humanos do Estado do Rio Grande do Norte, Janaína Lima, criticou o Governo Bolsonaro por estar reduzindo as verbas destinadas às políticas LGBT, além do discurso de ódio propagado pelo presidente da República. 

Lima propôs que o enfrentamento da LGBT fobia esteja para além de políticas de segurança. “É importante lembrar que enfrentar a LGBT fobia exige pensar em política de educação, saúde, e de trabalho e renda”, avaliou.

Travestis sofrem ainda mais – O professor Mathuzalém Ribeiro destacou que as pessoas LGBTQI+ sofrem diversos preconceitos e alertou que as travestis sofrem ainda mais. “Nós gays não sofremos tanto quanto as travestis. Fiquei chocado com as histórias, com a falta de inclusão, capacitação, de acesso à saúde, à escola pública”, apontou Ribeiro.

Ele destacou que o mercado de trabalho demonstra o tamanho do preconceito enfrentado. “É muito difícil encontrar uma travesti em uma loja vendendo sapatos, vendendo roupas. Nós queremos que elas possam ir às lojas trabalhar, às fábricas, aos shoppings e a gente não as encontra nesses lugares”, avaliou. 

Homofobia não tem fronteiras - O professor de Saúde Coletiva do Instituto Multidisciplinar de Saúde da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Adriano Maia, explicou que os problemas da LGBTfobia atingem a várias pessoas.  “Os problemas da LGBTfobia não tem fronteiras, invade a todos e é uma situação que a gente vai vivendo”, disse Maia. “Nossa luta é pelo direito ao amor”, apontou ele.

Preconceito é grande em Conquista – A Ialorixá Paloma Santos destacou a necessidade de combate ao preconceito em Vitória da Conquista contra as pessoas LGBTQI+.“A gente precisa combater a homofobia, o preconceito. O preconceito aqui dentro de Conquista eu acho muito grande”, disse Paloma. “A gente precisa correr e lutar, quebrar muitos tabus”, concluiu.

Violação dos Direitos Humanos – Representando a Ordem dos Advogados do Brasil, subseção de Vitória da Conquista, a Dra. Sandra Paiva, presidente da Comissão de Diversidade de Gênero, avaliou a homofobia como violação dos Direitos Humanos. “Uma das finalidades da OAB é defender a Constituição e os Direitos Humanos. A homofobia é violação de direitos humanos”, analisou.

Para ela, o acesso à informação, à educação fará a diferença na busca e no acesso às políticas públicas que têm o público LGBTQ+ como alvo. “É a educação que vai fazer a diferença com essa comunidade”, disse  Paiva, ressaltando a necessidade de as pessoas buscarem seus direitos.

Luta para conquistar espaço – A secretária do Grupo de Lésbicas SAFO, Eliana Sousa, recordou os anos de luta em busca de espaço e respeito. “Exatamente há 11 anos realizávamos a primeira Parada LGBT. Não foi fácil chegar até aqui, foram 11 anos de muita luta”, lembrou ela.

Ela disse ainda que são recorrentes os casos de desrespeito. “Não é fácil estar no local de trabalho e escutar certos tipos de piadinhas. Nossa luta continua. Não é fácil estar na pele do LGBT”, concluiu.

“Deus ama a todos” – O Pastor da Igreja Evangélica Fábrica de Líderes, Edson Costa, disse que busca ser um criador de pontes. “Estou aqui como um criador de pontes e não um criador de muros. A ponte dá acesso ao diálogo”, explicou o líder religioso.

O pastor apontou ainda que há muitos líderes religiosos preconceituosos. “Existem muitos pastores, religiosos preconceituosos. A maioria não tem base para defender aquilo que usam para atacar. Deus ama a todos. Deus é a favor da felicidade”, avaliou. 

Importância do pensar coletivo – Para Larice Ribeiro, membro da União dos Estudantes da Bahia e do Levante Popular da Juventude,  ressaltou a necessidade de mobilização da comunidade LGBTQI+. “Essa forma de pensar coletivo é muito importante”, disse. “Essa luta para instalar o conselho de LGBT é fundamental. Em momentos de crise as dificuldades se aprofundam”, emendou.

Ribeiro defendeu a mobilização como acelerador de conquistas. “A organização coletiva nos leva muito adiante. A gente tem pessoas muito qualificadas, muito dispostas”, apontou ela.

Pensar juntos para avançar - O coordenador municipal de Políticas de Promoção da Cidadania e Direitos de LGBT (Coordenação LGBT), José Mário Barbosa, defendeu que é preciso pensar em avanços nas políticas públicas voltadas para o público LGBTQI+. “Precisamos pensar políticas públicas”, disse. “Não é fácil fazer gestão pública. Precisamos entender que existe uma estrutura que é burocracia e que impede de atuar com rapidez”, emendou Barbosa.

Para ele, é preciso promover diversidade de vozes, de modo a facilitar os avanços para que possam atender às diversidades da comunidade LGBTQI+. “A gente não consegue fazer políticas públicas sozinho”, disse ele, destacando a importância de participação e também da criação de um conselho municipal LGBTQI+.

União necessária – Membro do Coletivo Finas, Tiêta Rodrigues destacou a necessidade de união da comunidade. “É bom a gente unir a bandeira LGBTQI+. A gente pode se ajudar. A união é que faz a força”, disse Rodrigues. Ela apontou que as travestis sofrem grandes dificuldades. “As travestis, nessa pandemia, é que estão passando mais dificuldade. A prostituição para a gente é um meio de sobrevivência”, apontou Tiêta, explicando que a falta de oportunidades no mercado de trabalho acaba levando muitas para a prostituição.

Discursos homofóbicos contribuem para o crescimento da violência - Ex-coordenador municipal de Políticas de Promoção da Cidadania e Direitos de LGBT (Coordenação LGBT), Danillo Bitencourt chamou a atenção para os recorrentes discursos homofóbicos de figuras públicas. “O quanto os discursos homofóbicos proferidos diariamente por figuras públicas, algumas com mandato, contribuem para essa desumanidade?”, disse ele, referindo-se aos vários casos de violência contra pessoas LGBTQI+.

Ele parabenizou o mandato do vereador Alexandre Xandó pela iniciativa da audiência e assumir as pautas da comunidade. “Parabéns, Alexandre Xandó,  pela proposição dessa audiência, pela luta pela criação do Conselho de Política LGBT”, disse. “Nós continuaremos resistindo e criando um novo tempo para que a gente continue florescendo e podendo amar sem temer”, completou.



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