Imagem Câmara realiza Sessão Especial em comemoração ao Dia da Cultura e entrega da Medalha Mérito Cultural Glauber Rocha

Câmara realiza Sessão Especial em comemoração ao Dia da Cultura e entrega da Medalha Mérito Cultural Glauber Rocha

Câmara Municipal de Vitória da ConquistaVereadoresSessão EspecialNotíciaComissão de Cultura e Esporte

17/03/2021 11:00:00


Foi realizada na manhã desta quarta-feira, 17, por meio do Sistema de Deliberação Remota (SRD), a Sessão Especial da Cultura e entrega da Medalha Mérito Cultural Glauber Rocha. Prevista na Lei nº 1.367/2006, a sessão é parte das comemorações ao Dia Municipal da Cultura, celebrado no último dia 14. Além dos vereadores, participaram da sessão o Coordenador da Secretaria de Cultura, Alecxandre Magno; Maris Stella Schiavo, presidente do Conselho Municipal de Cultura; George Varanese Neri, coordenador de Turismo e Eventos, e o escultor e historiador Gilvandro Oliveira, que também foi homenageado.

Na abertura da sessão, o presidente da Câmara, Luís Carlos Dudé, destacou a importância do evento, os investimentos propostos pela Casa, incluindo a alocação de todo o acervo do cineasta   para a Casa Glauber Rocha. Ele aproveitou para solicitar aos vereadores Alexandre Xandó (PT) e Orlando Filho (PRTB) que represente o Legislativo no Conselho Municipal de Cultura.

Lei Aldir Blanc ajudou a amenizar as dificuldades da pandemia - O coordenador da Secretaria de Cultura, Alecxandre Magno, lamentou o momento difícil que a cultura vem passando nesse momento de pandemia e do prejuízo que os trabalhadores da cultura vem enfrentando. Citou a Lei Aldir Blanc de apoio à cultura, que trouxe mais de R$ 2 milhões para a cidade a fim de que fosse investido na cultura local. “Foram 497 artistas contemplados com esse recurso o que ameniza um pouco a situação difícil que esses artistas vêm enfrentando”, falou. Por fim, relatou outras ações municipais que vêm sendo realizadas para ajudar os artistas locais nesse momento de enfrentamento da Covid-19.

Plano de Cultura e valorização de Glauber Rocha - A presidente do Conselho Municipal de Cultura, Maris Stella Schiavo, ressaltou o potencial cultural que a cidade tem. “Vitória da Conquista é uma cidade reconhecida no Brasil e no mundo pela sua força cultural”, disse ela. Diante disso, cobrou maior apoio ao Conselho para que Vitória da Conquista passe a contar com um Plano Municipal de Cultura. “E o Conselho possa caminhar na direção de ajudar a Secretaria de Cultura e a Câmara de Vereadores na construção de um Plano Municipal de Cultura, que é o que nos falta”, ressaltou. Ela pontuou ainda a necessidade de a cidade valorizar mais a figura do conquistense Glauber Rocha. “Um expoente internacional que Vitória da Conquista ainda não consegue dimensionar a importância que essa figura, essa representação tem para a nossa cidade”, disse. “Nós podemos capitanear muitos, mas muitos recursos para Conquista se tivermos uma política de Cultura que priorize esse arcabouço histórico e cultural que o Glauber representa no Brasil e no mundo”, emendou.

Apaixonado pelo cineasta Glauber Rocha - George Varanese, coordenador de Turismo de Vitória da Conquista, em sua participação na sessão afirmou que sempre foi um apaixonado por Glauber Rocha e que encontrou no prefeito Herzem Gusmão um grande parceiro na luta pela memória deste cineasta tão importante para a cidade e que empresta seu nome à medalha de mérito cultural concedida nesta homenagem. Sobre os homenageados, George destacou o trabalho de Gilvandro Oliveira, afirmando ser o artista plástico de Vitória da Conquista que mais consegue representar o povo da região, recomendando que suas obras possam ser expostas pela cidade. Varanese também falou sobre a homenagem ao Terreiro de Candomblé Lojereci Nação Ijesá, representada por Pai Jorge, e ressaltou a importância desse espaço cultural e religioso.

Em seu pronunciamento, o escultor e historiador Gilvandro Oliveira apresentou sua biografia e ressaltou sua origem indígena. Ao falar sobre o trabalho desenvolvido por ele, retratando os primeiros habitantes de Conquista, demonstrou surpresa com a homenagem prestada pela Câmara Municipal. “Pensei que nunca seria reconhecido nessa cidade. Estou emocionado por Vitória da Conquista me acolher e me colocar entre os grandes artistas dessa terra. Hoje, eu me sinto muito honrado”, declarou.

Gilvandro falou também da contribuição do povo indígena para Vitória da Conquista no advento da cerâmica utilitária, lembrando a arqueologia presente na cidade. “A gente tem histórias e memórias na periferia e isso precisa ser valorizado. Essa herança não é para causar conflito, mas para agregar à história da própria cidade”, destacou o homenageado.

Os homenageados da Medalha Mérito Cultural Glauber Rocha, em 2021, são:

TERREIRO DE CANDOMBLÉ LOJERECI NAÇÃO IJESÁ

Criado em 1988, o Terreiro de Candomblé Lojereci Nação Ijesá  tem representado um acolhimento para a população do seu entorno, tanto do ponto de vista material quanto espiritual.

Abarca valores que o qualificam como patrimônio de memória e de cultura local. Entre eles, o fato de ser o primeiro candomblé Ketu, tributário dos povos sudaneses da África, instalado na Cidade de Vitória da Conquista, e também o primeiro a trazer o culto de  Ifá, devoção à Orunmilá-Ifá, também originário da África Ocidental.

Além de ser também matriz de outros candomblés da cidade, representa uma expressão religiosa para parte da comunidade local e representa também a ancestralidade negra presente na região desde o século  XVIII. Possui um conjunto arquitetônico característico, demarcando o uso do espaço a partir da dinâmica dos ritos da cultura iorubana e da materialização  dos sentidos do sagrado na natureza.

Sendo assim, a partir do respeito à memória da ascendência escrava em Vitória da Conquista, o terreiro preserva os ícones desta memória, proporcionando uma ligação direta dos seus frequentadores com sua ancestralidade. 

Este esforço para oferecer elementos para o autorreconhecimento da população periférica é de extrema importância para a manutenção da autoestima de pessoas normalmente vivendo em condições de grande fragilidade pessoal e social.

(extraído do dossiê para tombamento, produzido pela profa. Antonieta Miguel)

GILVANDRO OLIVEIRA, ARTISTA DA ANCESTRALIDADE

Gilvandro nasceu no Ribeirão do Paneleiro, uma comunidade indígena com tradição de fazendeiras de panelas de barro. O trabalho do seu povo foi bastante útil para que Conquista se tornasse uma referência regional em sua primeira fase histórica. 

Gilvandro venceu essas adversidades com a convicção do seu dom para a observação sensível através do olhar dos seus ascendentes. Foi longo o caminho que o levou a ser hoje um escultor de grande qualidade e que apresenta um processo de evolução em seu trabalho, e também um historiador, formado pela UESB, focado na realidade e na preservação da memória do seu povo, matriz de uma identidade conquistense.

Acostumado ao culto à natureza, a leitura dos seus sinais e indícios, a orientação a partir deles, o aprendizado de um respeito fundamental e vital, na cidade ele aprendeu outras cartilhas para a sobrevivência, uma delas foi a religiosidade cristã. Ao reproduzir em escultura, Gil Santos e outros personagens do cristianismo, esculpia inconscientemente as formas do seu rosto, que na verdade é o rosto do seu povo. O frade capuchinho, Frei Bernardo, seu mestre, pacientemente, tão bem intencionado quanto desavisado, mostrava as obras conhecidas, insistia que os corpos deveriam respeitar suas formas originais, explicava sobre etnias. O rapaz entendia, captava tudo, mas, apenas racionalmente. 

Ao seu modo, o artista organizou essas informações. Das muitas arestas que sobravam, ele fez esculturas. Rostos que traziam as feições do seu povo, em suas expressões de dor, de angústia e todo sofrimento que cabe a um povo oprimido e violentado há dois séculos. Ele, enquanto parte do que sobrou de toda essa história, em um determinado momento, percebeu que estava sendo chamado para a obrigação de preservar a memória e os costumes da sua gente através não apenas da sua arte, mas das suas atitudes enquanto cidadão.

Ele fazia bustos de Sócrates, Platão... Mas sua raiz familiar sempre falou mais alto e ele se sente na obrigação de trazer a imagem desta memória da gênese de Conquista, dando assim visibilidade para a sua gente, que foi fundamental na formação deste lugar enquanto ocupação branca. Sobre o choque cultural vivenciado, as diferenças de olhares para o próprio devir entre seu lugar e a cidade, ele afirma que foi protegido pela sua ancestralidade e é esta proteção que me faz entender enquanto artista.




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